PRIMEIRO BISPO DE CABINDA MORREU. DOM PAULINO MADECA


Primeiro Bispo de Cabinda
Cabinda : Morreu Paulino Madeca
2008-01-09 16:31:26
Cabinda – Primeiro bispo de Cabinda, Paulino Madeca, morreu hoje em Luanda com 80 anos. Considerado por todos como uma figura da unidade, Paulino Madeca manifestou-se desde sempre como um nacionalista frequentemente incomodo para Luanda. Cabinda está de luto.
Paulino Madeca, nasceu a 1 de Outubro de 1927 na aldeia de Povo Grande. Foi ordenado padre em Luanda a 20 de Julho de 1958.

Em 1975, durante a assinatura dos acordos de Alvor, Paulino Madeca é um dos signatários da Carta «Não Podemos Ficar Calados» dirigida aos Bispos de Angola, Vaticano, Comunidades Cristãs da Igreja local, bispos e arcebispos dos países vizinhos de Cabinda e à imprensa internacional, onde os padres de Cabinda afirmavam que não queriam um dia serem obrigados a «pedirem desculpa ao povo de Cabinda» por não terem denunciado a situação que se vive no enclave. Os religiosos afirmavam também que a carta pretendia: «salvar o direito do nosso povo», e denunciavam «a opressão sistemática do governo português e dos movimentos de libertação de Angola contra a vontade do povo cabindês de se separar de Angola e de gozar de uma «independência total», imediata e incondicional». Após desenvolverem os princípios da legitimidade de Cabinda à independência, lembravam: «o povo cabindês, muito antes das lutas de libertação, sempre se opôs a esta anexação. Perante esta recusa, Portugal constantemente e cruelmente reprimiu.»

A 1 de Outubro de 1984, com a criação da Diocese, Paulino Madeca é nomeado como o primeiro Bispo de Cabinda.

Considerava um erro de Portugal a «anexação de Cabinda a Angola». Quando Mário Soares, ex presidente da Republica e ex ministro dos Negócios Estrangeiros durante todo o processo de descolonização de Angola, afirmara a Paulino Madeca que em 1974 e 1975 desconhecia a especificidade de Cabinda, o Bispo replicara: «Evidentemente não acreditei nas suas palavras».

Nunca hesitou em denunciar sistematicamente todos os excessos praticados pelas autoridades angolanas e tomara sempre posições na defesa do «seu povo». Defendia a unidade de todas as forças nacionalistas cabindas em torno de uma «Selecção Nacional».

Em 2005 Paulino Madeca parte para a reforma e o nome indicado para seu sucessor abre uma crise sem precedentes na história da igreja de Cabinda e Angola. A posição de Madeca relativamente ao nome avançado é manifestado quando se recusa a estar presente na reunião extraordinária da CEAST, 31 de Maio de 2005, onde seria decidida a data da chegada do novo bispo a Cabinda, o qual não correspondia ao perfil designado na Carta de 1975 que apelava «à criação da Diocese de Cabinda onde o Bispo será autóctone».

A polémica chegada do novo bispo a Cabinda provocou uma vaga de contestação e de repressão, onde os alvos principais foram os religiosos próximos de Paulino Madeca.

Paulino Madeca morreu, Cabinda esta de luto.


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